segunda-feira, 23 de abril de 2012

A propósito dos interesses dos alunos

A discussão sobre a importância dos interesses dos alunos no sucesso das aprendizagens, quando falámos no novo programa de português, recordou-me um capítulo de um trabalho académico que escrevi há uns tempos. Partilho um pequeno quadro que nos pode ajudar a refletir sobre este assunto.


Teoria
Pressupostos
Exemplo
Implicações
Teoria do interesse
O interesse no conteúdo ou tema prediz o rendimento. Recorrer a detalhes sedutores na instrução não aumentará o rendimento do estudante.
Eu trabalho bastante porque valorizo o assunto, ele é importante para mim.
Desenvolver os conteúdos em grandes projetos que sejam interessantes para os alunos.

Teoria da auto-eficácia
A confiança do estudante prediz o esforço para aprender e o seu rendimento.
Eu trabalho bastante neste assunto porque sou bom, sou capaz de fazê-lo.
Pedir aos pares que modelem situações de aprendizagem com chaves positivas de eficácia.
Teoria da atribuição
Os estudantes que atribuem o êxito e o fracasso ao esforço trabalham mais e rendem mais que aqueles que o atribuem às suas aptidões.
Eu trabalho bastante neste assunto porque sei que o meu esforço me vai recompensar. Se fracasso é porque não investi o suficiente.
Evitar sinais de condescendência como pena ou simpatia quando o estudante fracassa.
Tabela 6 – Três perspetivas sobre a motivação para aprender (traduzido e adaptado de Mayer, 2004, p. 254)

"Nas orientações oficiais, a educação pré-escolar é entendida como possibilidade de construção de relações positivas com os saberes, contrariando a possibilidade de que esta etapa educativa corresponda a aprendizagem precoce de insucesso. Assim, identificar interesses, escolhas, sentimentos das crianças relativamente aos saberes, valor atribuído às experiências vividas, é fulcral no delineamento e no desenvolvimento de qualquer projeto curricular com um grupo específico de crianças. A dificuldade reside na capacidade dos adultos para identificar esses interesses, escolhas e sentimentos das crianças, desde logo pelo estatuto social que os primeiros reconhecem às  segundas e que definem as relações de poder que se fazem sentir no processo educativo.
O que se pede aos educadores é que auto-vigiem o abuso e façam acontecer o currículo evitando que algumas crianças se distanciem dos saberes veiculados" (Libório, 2010).

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