terça-feira, 10 de julho de 2012

O FEP 2012 chegou ao fim!

E porque há momentos inesquecíveis nas nossas vidas, sejam ao nível pessoal e/ou profissional, relembro Pessoa:




Obrigada a todos pela vossa participação!
Boas férias!
Bjs

terça-feira, 12 de junho de 2012

Provas de Aferição de Língua Portuguesa_2012



Português: prova longa de maisA Associação de Professores de Português (APP) considerou demasiado longa a prova de aferição do 4.º ano do ensino básico, embora bem estruturada, equilibrada e interessante.

"A prova é interessante, respeita os critérios e o programa do 4.º ano, mas parece-nos extensa de mais, especialmente no primeiro caderno", disse à agência Lusa a presidente da associação, Edviges Antunes Ferreira.

Segundo a professora, os alunos tiveram 45 minutos para "perceberem um texto com 102 versos" mais um grupo gramatical a que tiveram de responder. "Parece-nos um bocadinho longo para eles responderem em 45 minutos", disse a professora, acrescentando que a prova é composta por dois cadernos, com uma duração total de 90 minutos.

No segundo caderno, prosseguiu, eram pedidas duas composições. "Uma delas não tem sequer o número de palavras indicado", observou, referindo-se à mensagem de Internet que os alunos deveriam escrever. Para um segundo texto, era indicado o número de linhas, mas Edviges Ferreira defende ser preferível recomendar o número de palavras, por causa da caligrafia. Na avaliação da APP, a prova está "bem estruturada", mas "é longa de mais para crianças do 4.º ano". Os alunos tiveram de fazer primeiro um rascunho a lápis numa folha branca e depois copiar os dois textos para a folha de prova, na segunda parte da prova.


http://www.educare.pt/educare/Atualidade.Noticia.aspx?contentid=BFAB333D0430289FE0400A0AB8002B32&opsel=1&channelid=0

domingo, 27 de maio de 2012

Pedacinhos de Puzzle



 

A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma.
(John Ruskin)
 
“Ontem, hoje e amanhã – Pedacinhos de Puzzle” espelha um pouco do meu trabalho de pesquisa, reflexão e crítica pessoal relativamente às propostas realizadas no âmbito do FEP, ministrada pela formadora Paula Costa. Provavelmente, se voltasse a ler todas as tarefas que escrevi, refletisse novamente tendo em conta a minha bagagem bibliográfica e associasse a novas vivências (tendo possibilidade de as partilhar em pequeno ou grande grupo) certamente que as reformulava. Daí, o batismo de Pedacinhos de Puzzle (em “marcha atrás”, vasculhando a memória, e em frente, contemplando as margens), mas acrescento o facto de estas reflexões estarem a orientar, não com vista a um caminho definido e claro, mas levarem-me a qualificar o meu tenro know how, no âmbito pessoal e profissional.
A formadora dinamizou as sessões de forma calma e subtil, demonstrando desde logo uma atitude colaborativa ao interpelar os formandos procurando saber as expetativas para tentar contemplar nas sessões o que foi focado pelos próprios participantes. Apreciei bastante, porque aí poderá residir a satisfação de algumas necessidades/dificuldades e maximizar a qualidade das ações. Os assuntos tratados deram-me satisfação em os abordar e compreender, indicando-lhes limitações e vantagens com um cunho pessoal, fazendo soar uma melodia envolvente.
 A metodologia da realização de um trabalho em grupo foi uma forma agradável de “absorver” conhecimento, suscitar a reflexão e comentar o que dizem os diversos suportes de informação. Na apresentação à turma, felizmente, permitiu ouvir as vozes dos nossos colegas, que dentro e fora das sessões mantêm a mesma valiosa atitude de colaboração. A ideia geral era a de realmente suscitar momentos de reflexão entre professores/educadores, nas escolas/no terreno, para se fazerem novas travessias e de certo modo promover práticas eficientes e inovadoras que levam a uma maior satisfação dos professores e outros intervenientes, com essa partilha conjunta e compreensão de situações nos contextos. Neste processo formativo e formador, o nosso pensar com toda a certeza que foi mexido e remexido e vai continuar a sê-lo vezes sem conta para, qualitativamente, desenvolver as nossas competências ao nível saber-ser, saber-estar e saber-fazer, no aperfeiçoamento de faculdades ao longo da nossa formação contínua.
O desenvolvimento profissional ao longo de toda a carreira é, hoje em dia, um aspeto marcante da profissão docente, é uma necessidade incontornável mas não deve ser visto como uma mera fatalidade. Pelo contrário, deve ser encarado de modo positivo: a finalidade do desenvolvimento profissional é tornar os professores mais aptos a conduzir o processo ensino aprendizagem adaptado às necessidades e interesses de cada aluno e a contribuir para a melhoria das instituições educativas, realizando-se pessoal e profissionalmente. Em segundo lugar, temos o conhecimento profissional, um domínio que é obviamente da maior importância. Podemos distinguir três grandes vertentes: (a) uma vertente didática, associada à prática letiva, (b) uma vertente organizacional, associada à participação das diversas esferas da vida da escola e da sua relação com a comunidade, e (c) uma vertente pessoal, associada ao modo como o professor encara e promove o seu próprio desenvolvimento profissional.
A principal crítica a esta formação prende-se com o tempo que foi pensado para a concretização das atividades propostas. Sem dúvida que as temáticas são de grande relevância para a nossa prática profissional. Os materiais fornecidos são muito pertinentes, relevantes, atualizados e, embora por vezes tenha sido necessário fazer leituras na diagonal, fruto do pouco tempo disponível, eles serão guardados para uma análise futura mais pormenorizada.
Fica uma palavra final de apreço à formadora, Paula Costa, e ao excelente trabalho que desenvolveu. Para além de ter aturado os nossos desabafos, sobretudo no que toca à falta de tempo que sentimos para realizar as tarefas pedidas, mostrou-se sempre disponível para esclarecer dúvidas e apresentar sínteses de sessões com grande qualidade, com algumas “dicas” fulcrais à melhoria global do trabalho”.
Bem haja! Continuação de bom trabalho!


quarta-feira, 23 de maio de 2012


A Noite em que a Noite Não Chegou
Um dia, mal acordou, a noite foi espreitar pela janela e reparou que já era quase noite. «Estou atrasada!», pensou ela ao ver que o Sol já tinha desaparecido e os candeeiros começavam a acender-se.
Mas, nesse dia, ou nessa tarde, ou nessa noite, a noite sentia-se muito preguiçosa.
Gostava muito de estar ali, no quentinho dos lençóis, mas à noite não podia.
Tinha sempre que fazer. Contrariada, deu uma volta e outra volta, desenroscou-se, enroscou-se e pensou lá para consigo: «Estou farta!»
Havia muitas, muitas noites desde o início dos tempos que a noite chegava à hora certa sem faltar um só dia. «E tudo isto para quê?», perguntou ela de si para si, «Só para que o vaidoso do Sol possa ir mostrar a sua linda cabeleira dourada ao outro lado do mundo... Hoje, não saio daqui... O Sol que se amanhe!»
Olhando para o seu antiquíssimo fato de trabalho, metade feito de estrelas, metade de escuros trapos, a noite resolveu por uma vez ficar na cama.
«O pôr-do-sol que se aguente por ai, a pairar no meio do céu, até que nasça o dia! Está resolvido. Hoje, ninguém me tira daqui l»
Assim, sem querer saber de mais nada, a noite deixou-se ficar na cama toda satisfeita, com uma chávena de chá numa mão e um livro de histórias na outra.
Quando perceberam que a noite não chegava, as pessoas, os bichos, os candeeiros e as flores começaram ajuntar-se às portas da noite. Os autocarros e os girassóis queriam ir dormir. Os mochos; as corujas e os guardas-nocturnos queriam sair para o trabalho. Por isso se puseram todos a gritar: «Venha a noite!»
Venha a noite! Então, nunca mais chega?! É preciso fazer cair a noite!»
Mas era tão alta a casa onde a noite morava que ninguém se atrevia sequer a tentar chegar lá acima.
Foi então que apareceu um menino rabino que pediu «Com licença...» a toda a gente e se pôs a trepar pelos últimos raios de sol. Num equilíbrio despachado, pôs um pé numa nuvem, outro num cometa e, em menos de nada, chegou junto da noite.
De tão entretida com o seu livro de histórias, a noite nem deu por nada. E mesmo que desse nem podia adivinhar. Não estava habituada a meninos e aos seus doces passos de algodão.
De mansinho, o menino rabino pôs-se a fazer-lhe cócegas nos pés. A noite desatou a rir às gargalhadas. «Ah, Ah, Ah! - Ah., Ah, Ah.!» Tanto se riu a noite que caiu da cama abaixo. E caindo, passou por estrelas, luas e sóis. Todas as luzes se apagaram a sua, passagem e um manto muito grande, negro, de cetim, foi cobrindo aos poucos o mundo inteiro.
O menino rabino, do esforço que fez, ficou tão cansado e com tanto sono que nem perdeu tempo. Deitou-se logo na cama da noite e, antes de adormecer, voltou-se para ela que lá em baixo já tomara conta do mundo inteiro e disse-lhe baixinho: «Adeus, noite... Até amanhã... Boa noite...»
José Fanha

terça-feira, 22 de maio de 2012


Acordo Ortográfico
As alterações introduzidas pelo AO de 1990 nas palavras usadas pelos portugueses ainda provocam dúvidas e alguns dissabores. Tão habituados a escrever a nossa língua sempre da mesma maneira, dizemos que já não somos capazes de aprender a fazê-lo de uma maneira diferente.
Como professora, tenho-me esforçado por conhecer e cumprir as novas regras da escrita e motivado os meus alunos a fazê-lo também. Os alunos não têm estranhado estas alterações e, de certo modo, há hífens que desaparecem com facilidade e consoantes que, não se lendo, têm “caído” com uma naturalidade arrepiantes.
A letra minúscula nos meses e estações do ano veio ao encontro das suas vontades, parecendo que sempre foi obrigatório.
Querendo certificar-me de que algumas das novas regras foram interiorizadas, apresentei-lhes um texto com duas versões diferentes; a primeira versão cumprindo as regras ortográficas anteriores ao AO e a segunda respeitando as novas disposições ortográficas.
Nem todas as regras entrarão com facilidade e, certamente, as exceções serão exageradas. Mas de uma coisa tenho a certeza, não tiveram dúvidas em escolher a ortografia correta quando lhes foram apresentadas as seguintes opções :

Janeiro/janeiro; mini-saia/minissaia; vêem/veem; actividades/atividades;
extra-curriculares/extracurriculares; fim-de-semana/fim de semana;
objectivo/objetivo; há-de/há de

E pronto! Quais vantagens ou desvantagens para as novas gerações?
A formanda, Maria do Carmo Costa Cavaleiro

Consciência de palavras

Lendo o post da Albertina quero acrescentar que também eu ainda reproduzo muitas lengalengas e trava línguas que aprendi com o meu avô, exemplo:

 Tenho um copo giri copo
copo, cá
quem não disser três vezes
copo, copo, giri, copo
giri, copo, copo, cá
por este copo água fresca  não beberá
(…) para se poder aprender a ler num dado sistema de escrita, tem de se ser capaz de pensar na fala de uma forma explícita, e de tomar consciência de que ela é composta por uma sucessão de unidades fonológicas de nível correspondente ao que é representado pelo código escrito (Martins, 1996, p. 83).
Também chamada de consciência sintática representa a capacidade de segmentar a frase em palavras e, além disso, perceber a relação entre elas e organizá-las numa sequência que dê sentido. Esta habilidade tem influência mais precisa na produção de textos e não no processo inicial de aquisição da escrita. Ela permite focalizar as palavras enquanto categorias gramaticais e sua posição na frase. Contar o número de palavras numa frase, referindo-o verbalmente ou batendo uma palma para cada palavra, é uma atividade de consciência de palavras. Por exemplo: Quantas palavras há na frase: "O cachorro correu atrás do gato?" Ao responder corretamente a esta questão ou batendo uma palma para cada palavra enquanto repete a frase, a criança demonstra a sua habilidade de consciência sintática. Além disso, ordenar corretamente uma oração ouvida com as palavras desordenadas também é uma capacidade que depende desta habilidade.
Deficit nesta habilidade pode levar a erros na escrita do tipo aglutinações de palavras e separações inadequadas. Embora esses erros sejam comuns no processo inicial de aquisição da escrita, como por exemplo, escrever: OGATO (aglutinação) ou SABO NETE (separação), a persistência destes tipos de erros pode ser motivada por uma dificuldade de consciência sintática. Esta habilidade implica uma capacidade de análise e de síntese auditiva da frase.
O meu avô materno, que conhecia mal as letras, e que também mal as juntava, fruto de um tempo onde o trabalho infantil não era visto como uma exploração, e a escola e a instrução eram tidas como desnecessárias, era um dos melhores contadores de histórias que conheci. E não só...
Ainda hoje dou por mim a reproduzir os vários destrava línguas que ele nos ensinava (a mim e à minha irmã). Nos dias de inverno, à volta do calor da salamandra, era um desenrolar de ladainhas que ainda hoje perduram no meio pensamento e que não esqueci.
Entre as histórias de bruxas  a dançar, do cão Mondego que caçava cobras, das feiças de trigo e apanha de grão de bico noite fora 8que de dia fazia muito calor), ficam estas três, contadas por quem passou um ou dia na escola, mas que tinha uma consciência fonológica perfeita.
-Dizia o professor: como se lê " um P, um A e U"? (pau)
- Resposta pronta do aluno, "Lenha"

- Como é que se lê um N e um U (nu)
_ D'emplão , respondia ele, utilizando uma expressão tipicamente alentejana, que significa totalmente despido.

- Pergunta o professor, como se lê o "S, um A, um C e um O?" (saco).
Mais uma expressão tipicamente alentejana - "Talego, responde o aluno.

E claro, com tão pouco apego pela escola, pelas regras, e sem haver reguadas que o vergassem, lá saiu da escola, cheio de sabedoria popular, de conhecimento linguístico e vocabular, que tanto me entretiveram, fizeram sonhar e tantas bases de português e de leitura me deram...

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Consciência Fonológica

Existem inúmeras atividades para trabalharmos a consciência fonológica.
Acredito que muitos de vós já as realizou com os vossos alunos.
Partilho convosco algumas ideias. Costumo trabalhá-las com as minhas crianças do 1º ciclo.


Atividade 1:

RIMAS COM OS NOMES
O professor poderá registar num cartaz, o texto abaixo e pedir aos alunos que o completem oralmente, com nomes de animais, objetos, frutas, brinquedos que rimam com os de pessoas. O professor deverá completar o texto escrevendo as palavras ditas pelas crianças.

Vou comprar um presentinho 
Para meus amiguinhos.
O que será que vou dar?
Vocês vão adivinhar.
Para o Joaõzinho
Vou dar um.......................(carrinho)
Para o Mário
Eu dou um........................(canário)
Para o Renato 
Um...................................(gato)
Para o Ricardinho
Vou dar um ......................(passarinho)
Para a Gabriela
Eu dou uma.......................(panela)
Para o Rafael
Vou dar um......................( pastel)


Atividade 2:
 LOTARIA DE PALAVRAS
Para esta atividade são necessários cartões, com ilustrações. Exemplo:

Aranha – picanha
Leão – melão
Sol – caracol
Pipoca – minhoca
Camião – televisão
Gato – pato
Elefante – gigante
Amarelo – chinelo

Instrução: Vamos procurar qual é a palavra que tem o som parecido com .... leão?
Selecionar o cartão do leão e deixar que as crianças procurem entre as figuras uma com som parecido com leão.
Esperar que as crianças encontrem aquela com som parecido e perguntar: Em que são parecidas?
Construir outras perguntas a partir da respostas das crianças.

Colocar cada figura ao lado daquela que rima. De seguida pronunciar cada uma com seu par.

Atividade 3:
Eu vou dizer três palavras, duas rimam e uma não. Qual não rima?
- CHUPETA / BIGODE / ROLETA
- LATA/DEDO/MEDO




domingo, 20 de maio de 2012


Próxima sessão FEP

24 de maio  de 2012, quinta-feira,17h, escola sede do agrupamento de escolas Dr. José dos Santos Bessa, Carapinheira

Teremos a presença do escritor José Fanha para uma conversa entre professores, acompanhado por alguns livros, poemas soltos, café, chá e alguns doces...

terça-feira, 15 de maio de 2012

A Professora, os porcos eos Cisnes. O pântano da educação em Portugal

 


Excerto, em pré-publicação, de um livro que está por estes dias a sair na Gradiva   "A Professora, os Porcos e os Cisnes. O pântano da educação em Portugal" de Manuel Nunes:

“A essência do professor, o ser professor, situa-se num plano tão elevado de dignidade, que transcende infinitamente qualquer pessoa que tente concretizar essa essência — era mais ou menos assim que tu dizias, não era, meu mestre?

Eu, professora, sou infinitamente mais do que a pessoa que eu sou. Eu, professora, sou, sobretudo, aquilo que eu represento. E aquilo que eu represento reveste-se de uma dignidade de tal elevação e de tal transcendência, que exige de mim uma nobreza de carácter que, por si mesma, se tem de constituir como referência moral para os outros.

Já não sei bem onde é que li isto, mas quem quer que o tenha escrito viu muito bem o segredo do ofício do professor na sociedade:

— Os professores são as colunas que sustentam o edifício social. Se estas colunas ruírem, todo o edifício se desmoronará irremediavelmente!

É isto mesmo: os professores são as colunas interiores do edifício. Porque são interiores, quase ninguém se dá conta da sua existência. As pessoas olham para as partes exteriores do edifício (Olhem, que linda fachada!... Olhem, que paredes robustas!... Olhem, que belas janelas!... Olhem!...), mas esquecem que toda aquela beleza exterior existe porque há, por dentro e por baixo, colunas e alicerces a servirem-lhe de suporte...

Mas as pessoas não vêem isto. Não vêem nem querem ver. E muitas daquelas que deviam ver e que deviam ajudar as outras a ver estão, infelizmente, na primeira fila da multidão que despreza as colunas do edifício. Neste país, o vulgo, que se tem vindo a empanturrar da ignorância cozinhada e servida nas tascas rascas da mesquinhez e da malvadez, tem sido assanhado pelo rancor de alguns políticos, jornalistas e outros fazedores da opinião públicacontra os professores!... O rancor cega-os a tal ponto que nem sequer conseguem ver esta evidência: que eles estão onde estão, na escala do edifício social, porque houve professores a prepará-los para chegarem aonde chegaram! Sem os professores, desde os do primeiro ciclo (e anteriores aos do primeiro ciclo) até aos universitários e pós-universitários, eles nunca teriam chegado ao ponto a partir do qual hoje, inchados de arrogância boçal, se julgam no direito de desprezar aqueles a quem precisamente mais devem!

— Porcos! Porcalhões!

Porcos e porcalhões, sim, porque, focinhando no estrume onde chafurda o vulgo, dão a entender ao vulgo, que se refastela de gáudio em grunhidos de fealdade torpe e atroz, que o professor não é, em si mesmo, digno de respeito, dando assim azo a que a vulgaridade social o considere um vulgar qualquer!...

E o problema é que há professores que são mesmo vulgares, porcos entre os porcos, alguns deles porcos de qualidade inferior! Estes estão a mais. Estes não são dignos de ostentar o título de professor. Porque só tem o direito de ser professor quem, tendo aprendido e continuando a estar disponível para aprender a viver e a respirar nas atmosferas leves e belas do alto, está em condições de assumir a tremenda responsabilidade de atrair para o alto os que subvivem e respiram nas atmosferas pesadas e insalubres dos pântanos baixos.

Como tu dirias, meu mestre, só tem o direito de ser professor quem está em condições de assumir a tremenda responsabilidade de ajudar os porcos a transfigurarem-se em cisnes.

É por isso que eu lamento dolorosamente o facto de, naquela aula, me ter deixado cair no lodo da vulgaridade suína.”

Manuel Nunes

Lojas do Saber


domingo, 13 de maio de 2012

Poesia com... José Fanha


Balanço provisório 

Estamos mais gordos mais magros
talvez mais denso
ou mais pesado o nosso olhar
temos pressa de ternura
angústias de vez em quando
e umas contas de telefone atrasadas
para pagar.

Temos falta de cabelo
três ou quatro cicatrizes
sofremos de inquietação.
Muitas vezes nos disseram
como é rápido o deslize
mesmo assim nunca deixámos
de dar corda ao coração.

Daqueles que já partiram
guardamos silêncio e nome
e uma improvável mistura
de amargura e rebeldia
nas palavras desordeiras
que dizem redizem cantam
relembrando dia a dia
como é feita de azinheiras
a capital da alegria.

Muitas ondas já morreram
outras tantas vão nascer
muitos rios já se cansaram de correr até á foz
águas claras que se foram
outras águas se turvaram
e agora restamos nós.

Somos muitos somos poucos
calmamente radicais
sabemos vozes antigas
trazemos a lua ao peito
amamos sempre demais.

Neste caminho tomado
fomos traídos trocados
vendidos ao deus dará.

Nem por isso desistimos
e assim nos vamos achando
perdidos de andar às voltas
nas voltas que a vida dá.

Somos uns bichos teimosos
peixes loucos aves rindo
plantas poetas palhaços
e portanto resumindo
somos mais do que nos querem
estamos vivos
somos lindos!

Pode um educador ensinar a ler?


Lendo o post da Maria José, não posso deixar de expressar a minha opinião a propósito.
Sabemos que o currículo prescrito (programa elaborado por especialistas) não corresponde ao currículo que  o professor faz acontecer (programa interpretado pelo professor). A ideia não é minha, é de quem se dedica a estudar os currículos escolares.“Dar o programa” significa sempre a interpretação que cada professor faz desse texto. Nessa interpretação, no caso dos bons professores, caberão os alunos, evidentemente, porque o ensino só existe quando existe aprendizagem. Quero com isto dizer que, cumprindo as balizas estabelecidas por um programa (conteúdos e objetivos), ninguém pode acusar um professor por fazer os seus alunos progredir além dessas balizas, desde que esse professor não suba as fasquias e esqueça que a turma vive o currículo a ritmos diferenciados. Até onde pode subir acima das balizas? Até onde for possível. Até onde pode descer abaixo das balizas? Penso que não pode! Pode é encontrar estratégias diferenciadas para lá chegar.
Está estabelecido, em Portugal, e em quase todos os países da OCDE, que a Educação Pré-escolar é uma etapa que precede a escolaridade obrigatória, cujos objetivos se diferenciam do ensino formal. Anos de experiência e investigação mostraram que as crianças pequenas têm modos diferenciados de aprendizagem das crianças mais velhas e, sobretudo, mostraram que o valor da Educação Pré-escolar não reside na “escolarização precoce”, mas no desenvolvimento de competências (permitam-me estar fora de  moda) que influenciarão não só a vida escolar futura, como toda a vida pessoal e social presente e futura das crianças. Porém, também sabemos que antes de iniciar o ensino formal as crianças aprendem muitas coisas que estão enumeradas nos currículos  da etapa seguinte. Quase sempre aprendem sem ninguém lhes ensinar de forma sistematizada, porque encontram no contexto onde vivem os ingredientes necessários ao processo de aprendizagem.
Aos educadores cabe a tarefa de “ensinar” a apropriar-se desses ingredientes, maximizar as capacidades das crianças e levá-las a abrir-se ao mundo que as rodeia. Já aqui nem todas têm as mesmas facilidades e a tarefa é tanto mais necessária quanto maiores forem as  dificuldades. Cabe também aos educadores o papel de criar contextos onde seja possível viver plenamente a infância, num contexto social rico, colmatando as deficiências de uma sociedade industrializada e mercantilizada que retirou à infância o tempo necessário de humanização.
Pelo exposto, não há nenhuma contradição entre a ideia de aprender sobre leitura e escrita e a Educação Pré-escolar. As metas de aprendizagem, nesta área de conteúdo disciplinar, organizam-se em  domínios que têm tudo a ver com aprender a ler e escrever, nomeadamente: consciência fonológica; reconhecimento e escrita de palavras; e conhecimento de convenções gráficas.
Pode um educador ensinar a ler?  A resposta é sim, desde que o faça sem recorrer a métodos escolarizantes. Ou seja, se o educador estimular as crianças, considerando os domínios e metas de aprendizagem respetivos, corre o risco de que alguma criança aprenda a ler, pelo simples facto de que essa criança retirou do contexto toda a informação necessária para que isso acontecesse. 

Ofélia Libório

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Até onde deve o professor ensinar?

Até onde deve o professor ensinar?

Há algum tempo tive conhecimento de apuros em que um professor (português) se meteu por ensinar além do programa e, sobretudo, do manual. Reuniram-se pais, deram conhecimento à escola e... defenderam-no os alunos, miúdos de onze, doze anos que, chamados, disseram que aquilo de que o professor lhes falava era do seu interesse. Acalmaram-se os pais e o professor continuou a fazer o que fazia: terminado o que é obrigatório e paralelamente ao obrigatório, havendo tempo, vamos para diante! 

Lembrei-me deste caso a propósito duma notícia que me foi enviada, que dá conta do despedimento de uma educadora de infância de Andorra por ensinar a ler, a escrever e a contar a crianças de quatro e cinco anos. Neste caso, os pais estiveram do seu lado e parece que as crianças não se queixam. Isto não obsta que a determinação da entidade inspectora se mantenha.

O cruzamento dos dois casos,"apanhados" ocasionalmente, interrogam até onde deve o professor ensinar: na exacta medida do que está estabelecido no currículo? Um pouco mais se os alunos acompanharem? Se sim, até onde? Um pouco menos se os alunos não acompanharem? Se sim, o que deixar de fora?
Helena Damião (blog DRN)

Computadores: Prós e Contras

“Eu testo [a Net ], mas não uso no dia-a-dia. Mais importante,  os meus filhos não usam. Eles são bons garotos” (Steve Balmer, presidente da Microsoft).

 Todas as metodologias de ensino têm prós e contras, ainda que limitadas, segundo o seu próprio autor, “a lugares na terra, em cada país, onde por razões várias, boas escolas não podem ser construídas e bons professores não podem ou não querem ir”.

De entre muitos outros posts de crítica  sobre computadores, “A entrega dos portáteis nas escolas” -  transcrevo parte de um outro, também meu,  intitulado “O Homem Contemporâneo do Futuro” (03/05/2001):

“Mas, por seu turno, os computadores, com o seu incomensurável poder de armazenamento de informação, não estão (ainda?) capacitados para substituirem a emoção e sentimentos - que, segundo António Damásio, constituem a base daquilo que os seres humanos têm descrito desde há milénios como alma ou espírito humano’ -, com trunfos que o levam a um jogo ganho à partida. É este o drama de um mistério com que se debate a nossa era e que só o devir se encarregará de desdramatizar ou não! Mas, como nos ensina Eric Hoffer, 'a única forma de prever o futuro é ter poder para formar o futuro!'”

Mas nada melhor que nos reportarmos ao caso do nosso país e das suas crianças. Para o efeito, e possível tema de uma discussão interessante, transcrevo, na íntegra, de um artigo da “Lusa” (17/10/2008):

“A maioria dos estudantes entre os nove e os 14 anos utiliza a Internet para conversar em ‘chats’, apesar de 44,1 por cento dos pais pensarem que o fazem para procurar informação, segundo um estudo que será divulgado hoje.

‘A comparação das respostas dadas pelos estudantes e pelos encarregados de educação é extraordinariamente interessante. Na utilização da Internet, as crianças respondem que o fazem para conversar ou descarregar músicas e os pais estão convencidos que elas a utilizam para pesquisar informação e como apoio aos trabalhos escolares.’, disse à Lusa o coordenador geral do ‘Estudo de Recepção dos Meios de Comunicação Social’ José Rebelo.

Outros factos salientados pelo coordenador geral do estudo, é o de 11,1 por cento dos jovens inquiridos confessarem quer usam a Intenet para visitar sites pornográficos, facto admitido apenas po 0,7 por cento dos pais.

Quase metade das crianças inquiridas (42,5 por cento) usa a rede para publicar fotografias ou informações, questão que é apontada por 75,9 por cento dos pais quanto a preocupações ao uso da net.

Refira-se que as visitas a sites pornográficos preocupam também 70,6 por cento dos encarregados de educação que responderam ao inquérito.

De acordo com outro estudo, do Projecto Eu Kids Online, revelado em Setembro, Portugal é, a par da Polónia, o único em 21 países europeus onde os pais portugueses menos conhecem o que os seus filhos fazem on-line.

Na parte do estudo dedicado aos jovens, ficou também claro que ‘o investimento das famílias em equipamentos é inversamente proporcional ao seu estatuto socioprofissional’.

É nos sectores da pequena burguesia de execução que encontramos investimentos maiores e os quartos das crianças enchem-se de quinquilharias diversa. Em contrapartida, nos sectores mais privilegiados do ponto de vista social e profissional, os investimentos são menores’, explicou José Rebelo”.

São duas posições, de certo modo antagónicas, até porque analisadas em contextos diferentes, mas merecedoras, todavia, de  uma reflexão cuidada de professores e pais (e não só!). Com respaldo numa citação de Erich Fromm (psicanalista, filósofo e sociólogo alemão, 1900-1980): “O problema não é que os computadores possam pensar como nós, mas que nós possamos pensar como os computadores”. Servindo-me, agora, uma vez mais, e tanto a meu gosto, da voz do povo: “Não há bela sem senão”. Por mais bela que ela seja, mesmo!

sábado, 5 de maio de 2012



        Dia da Mãe



POEMA
Mãe

Feliz Dia da Mãe!
Eu gosto muito de ti, mãe.
Eu gosto de ver filmes, à noite, com a mãe. Gosto que ela me dê muitos beijinhos e que brinque comigo.
Eu gosto da mãe, porque ela é muito amiga.
Eu gosto da mãe, porque ela conta-me histórias engraçadas.
Eu adoro a minha mãe!
Eu vou dar-lhe um coração, muitas flores e oferecer-lhe estrelinhas.
Eu adoro-te Mãe!
A minha Mãe é a minha rainha!

Elaborado pelo grupo de crianças da sala 2

06/05/2012

Maria Teresa Cruto